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  • Turistas voltaram a Paris em 2022 e tendência de alta deve continuar apesar de greves na França
    Após a queda brutal durante a pandemia de Covid-19, a atividade turística em Paris e região voltou a subir em 2022. A capital francesa e seu entorno receberam mais de 44 milhões de visitantes no ano passado, um aumento de 95% em relação a 2021, segundo o Comitê Regional do Turismo de Paris e Île-de-France. Para profissionais do setor, a tendência deve continuar em 2023, apesar das greves que afetam Paris. O turismo gerou 19,6 bilhões de euros de receitas durante 2022, apesar disso, o setor de atividade ainda não voltou ao patamar anterior à pandemia. A diferença no número de visitantes se explicaria, em grande parte, pela falta dos turistas da China, que ainda estavam bloqueados em seu país devido à Covid-19. Os chineses ocupavam a sétima posição em número de visitantes em 2019 e a terceira em termos de consumo. Mas Christophe Décloux, diretor-geral do comitê regional de turismo de Paris e região, acredita que os chineses voltarão a viajar este ano. “Eles devem voltar em 2023 por diversas razões. A primeira é muito simples: a abertura das fronteiras da China e do Japão no fim do ano passado. Claro que temos o problema da capacidade aérea, mas quando os voos voltarem a um bom ritmo para trazer os chineses até o continente europeu, vamos provavelmente reencontrar nossos visitantes chineses”, diz otimista. “Os japoneses, por outro lado, são uma clientela que necessita ser tranquilizada. Então trabalhamos bastante sobre a promoção e a comunicação de Paris como um destino seguro, para que os japoneses que viajam, possam voltar a Paris e sua região de 2023. Seremos com certeza ajudados pela Copa do Mundo de Rugby, que acontece em Paris, em setembro, porque o Japão se classificou”, analisa Décloux.  Cidade luz ou cidade da Emily? Além de eventos como a Copa do Mundo de Rugby, a região parisiense conta com outra aliada de peso para atrair turistas: a série Emily em Paris, da Netflix. Entre os estrangeiros que visitam a Cidade Luz, os americanos estão em primeiro lugar com 2,4 milhões de turistas e Décloux não nega que muitos são atraídos pelo sucesso da série. Depois dos americanos, aparecem os turistas europeus. Alguns, como os britânicos, italianos e holandeses são mais numerosos agora que antes da pandemia. Com o marketing, o setor de atividade cresceu 134% em relação à 2021, mas ainda está 10% abaixo dos números de 2019. A frequentação de hotéis da região parisiense teve um aumento de 112% em 2022, mas também não atingiu os índices de 2019, devido principalmente ao aumento dos preços, que chegam a 40% em alguns estabelecimentos de luxo. Já os alugueis por temporada diminuíram 22%, em relação ao período antes da pandemia, uma queda mais acentuada que a dos hotéis. Quase todos os museus, monumentos e pontos turísticos registraram uma forte progressão da frequentação no ano passado, em relação à 2021. Mas a afluência ainda é inferior à de 2019. O Louvre recebeu 19% de visitantes a menos. A mesma tendência é observada em outro ponto turístico célebre, o Palácio de Versalhes, que teve uma redução de 16% da frequentação. Impacto das greves e do lixo As greves devido à reforma das aposentadorias, que deixaram lixo espalhado pelas ruas das cidades na França, e as manifestações com cenas de violência policial que circularam o mundo, poderia espantar os turistas e atrapalhar o setor em plena retomada neste ano? Para Naldo Silva, da empresa Vai France de turismo, em Paris, ainda é cedo para sentir o impacto das manifestações. "As pessoas que vão viajar sempre perguntam se é seguro viajar, e se estivesse realmente perigoso, eu falaria”, afirma. "Eu acho que está muito recente ainda para as pessoas que vão viajar. Esses vídeos que estão circulando estes dias, principalmente com o acúmulo do lixo, e as manifestações dão uma imagem feia (de Paris), obviamente, mas eu ainda não tive nenhum cliente perguntando se é seguro viajar ou não", diz. Ele acredita que o impacto das greves e protestos no setor não deve ser grande. “Eu não acho que essa situação vai durar tanto tempo assim. Espero pelo menos. E para a alta temporada eu tenho muitos pedidos para abril e maio e espero que continue assim", diz. Otimista, Silva confirma que os turistas realmente voltaram a Paris em 2022. "A gente voltou quase, no nosso caso, ao patamar de antes da pandemia, principalmente a partir do meio do ano e 2023 promete bastante também".
    3/22/2023
    5:08
  • Falência do SVB deve aliviar alta de juros e colocar start ups ainda mais sob pressão
    A falência repentina do Silicon Valley Bank, até então porto seguro de startups americanas e até brasileiras, causa apreensão mundial e pode ter consequências ainda difíceis de antecipar. Analistas apostam no fim do ciclo de alta das taxas de juros e impacto no acesso ao crédito para as jovens empresas de tecnologia. O governo e autoridades bancárias dos Estados Unidos, cientes dos riscos e apressados em afastar os temores de uma nova crise como a de 2008, lançaram um pacote de medidas excepcionais para garantir que as dificuldades do SVB não se espalharão para outros bancos, principalmente os que financiam pequenas e médias empresas. O presidente Joe Biden assegurou que os depósitos na instituição, que há 40 anos se especializou no mercado de startups, estão garantidos pelo Estado. “A particularidade do caso do SVB é que, em tese, ele tem não faz parte do tipo de banco que pode receber proteção nos Estados Unidos, via garantia de depósitos. Na maior parte dos países, existe hoje um sistema que indeniza os correntistas caso o banco venha a falir. Mas o SVB é um banco para empresas, principalmente, que depositaram valores superiores à garantia, de US$ 250 mil”, explica Pierre-Charles Pradier, professor associado de Ciências Econômicas da Universidade Panthéon Sorbonne, à RFI. “Para colocar um fim às angústias, foi preciso que as agências do governo americano anunciassem que haverá uma garantia excepcional para este banco.”  Na avaliação de Pradier, a rápida reação do governo bastará para dissipar, aos poucos, o risco de contágio que agita os mercados financeiros nesta semana, após o anúncio da falência na sexta-feira (10). “Depois da crise de 2008, há muito menos atividade interbancária, ou seja, os bancos se devem muito menos dinheiro entre eles e o fato de que um esteja em falência não implica na solvência dos outros. Na prática, o banco do Banco Central agora empresta para os bancos”, observa. “Entretanto, o que pode acontecer é que outros bancos estejam com o mesmo problema do SVB, de ter um modelo econômico que não se sustenta quando as taxas de juros aumentam, como agora.” Efeito cascata A subida dos juros de 0,25%, em 2020, para os atuais 4,75%, impacta negativamente o valor dos títulos detidos pelas instituições financeiras e incita os clientes a buscar produtos mais rentáveis. No caso do SVB, mais da metade dos seus ativos correspondiam a títulos do governo, uma escolha que – associada a outros aspectos – se mostrou fatal diante do novo contexto. Face às pressões dos mercados, a expectativa agora é que a FED (Banco Central dos Estados Unidos) paralise o ciclo de aumento da taxa, com provável repercussão internacional. No Brasil, o episódio serviu para o governo federal novamente defender a queda da Selic no país. “Dado que, no plano interno, muito provavelmente haverá a divulgação de um novo arcabouço fiscal, o Banco Central aqui terá condições de reduzir a nossa taxa de juros por maio. Esse é o cenário que está se configurando”, afirma Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, em São Paulo. “Mas não é porque lá nos Estados Unidos houve problema com bancos e aqui poderia ocorrer o mesmo, como disse o governo, até porque lá estamos falando de cerca de 6 mil bancos, e aqui no Brasil são só 140. São situações muito diferentes.” Startups sob pressão Outra interrogação é o futuro do crédito para a inovação, que com frequência é classificado como investimento de maior risco. Empresas de tecnologia pelo mundo e também brasileiras se encontram expostas à quebra do SVB. O setor como um todo deve sofrer o impacto da falência – que, para alguns analistas, representa a confirmação de que a bolha das startups estourou. Em 2022, o crédito acordado destinado às tech já foi amputado de 30%, em escala mundial, levando a uma onda de demissões à busca por maior "eficiência". “É claro que mudou a forma como investidores observam startups, mas isso é um processo natural de desenvolvimento do setor, que vem se consolidando”, salienta Agostini. “O crédito bancário vai ser mais seletivo e eu acho que o impacto maior será nos fundos de investimentos, que vão olhar com ainda mais cautela para essas empresas. O histórico que gerou é que elas performam em um tempo maior do que o imaginado inicialmente.”
    3/15/2023
    6:18
  • Como o Brasil pode – e deve – se inserir na corrida industrial “verde” lançada por EUA e Europa
    Depois da entrada em vigor do Inflation Reduction Act nos Estados Unidos, com subsídios e incentivos bilionários (US$ 370 bi) para a indústria “verde” americana, a União Europeia reage na mesma moeda injetando o viés industrial do seu Pacto Verde. Os mecanismos europeus de financiamento devem ser definidos até junho. A corrida dos países desenvolvidos rumo à redução da dependência da China e de energias fósseis, em especial o petróleo, tende a impulsionar a movimentação dos investimentos nesse sentido no resto do planeta. O mundo empresarial e financeiro acordou de vez para o tema, e as políticas públicas agora confirmam essa mudança, observa Roberto Waack, presidente do conselho do Instituto Arapyau e um peso-pesado da promoção de práticas sustentáveis junto a algumas das maiores companhias do Brasil, como o frigorífico Manfrig. “Isso que está acontecendo agora é reflexo desse amadurecimento, que é lento. Não é assim: acabou a Conferência de Paris, vamos todo mundo mudar. Acho que estamos vivendo um componente que é o risco de não fazer, do ponto de vista de gestão do capital”, salienta Waack. “Não é nem o risco climático ainda. Mas, do ponto de vista do capital, não há mais alternativa. Esses fundos têm visões de longuíssimo prazo e eles falam que se não fizerem nada, estarão comprometendo o capital de longo prazo. Os fundos de pensão, principalmente, têm esse olhar, e eles não podem simplesmente ignorar.” Trocar agricultura por energia O Brasil desfruta de uma posição privilegiada neste contexto: ao contrário dos americanos ou europeus, o país já tem 48% da matriz energética de fontes renováveis, parcela sobe para 82% na matriz elétrica. Os investimentos verdes representam, portanto, uma oportunidade de mudanças estruturais no sistema de produção brasileiro, com possibilidades para uma nova política industrial de norte a sul do país. No nordeste, por exemplo, o sol deixa de ser um problema para a agricultura e se soma às soluções energéticas, agora que as plantas solares, mas também as eólicas, estão mais competitivas. “Sol demais agora é solução, não é verdade? O cara fica tentando todo ano plantar para colher e quase nunca consegue porque não choveu”, comenta o economista Marcel Bursztyn, professor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UNB e um dos maiores especialistas do país no tema. “Ora, em vez de ele plantar mandioca, feijão, milho, planta energia, literalmente”, diz, frisando que o investimento painéis solares é amortizado em cinco anos. Reciclagem deficiente e economia florestal Outro caminho pronto para ser explorado é a profissionalização da indústria da reciclagem, que segundo Bursztyn, beneficiaria em torno de 1 milhão de pessoas que hoje operam no setor, a maioria informais. E sem falar no desenvolvimento de novas frentes, como o de desconstrução e recuperação de infraestruturas e embarcações. O exemplo do recente afundamento do porta-aviões São Paulo pela Marinha brasileiro evidenciou a ausência de um setor de reaproveitamento de grandes estruturas no Brasil. No agronegócio, motor do PIB brasileiro, as possibilidades também são diversas, a começar por aumentar a produtividade da agricultura sem degradação ambiental. A queda do desmatamento é a medida mais urgente para descarbonizar a economia brasileira. “Para promover a economia verde e colocar o Brasil na posição de realmente aproveitar as oportunidades que tem – e que nenhum outro país tem, nem igual nem parecido –, terá que primeiro resolver a questão do desmatamento. E a solução do desmatamento vai ter que ser via a criação de alternativas econômicas para uma faixa da população que não tem acesso a nada”, salienta Roberto Waack. "Provavelmente vai passar pela chamada economia da conservação, com pagamentos por serviços ambientais, e algo na linha da bioeconomia, que nós não sabemos direito o que vai ser, mas essa é mais ou menos a zona do campo do investimento nessa frente." Marcel Bursztyn acrescenta que o agro também tem amplo espaço para explorar na transformação das matérias-primas. “Agregar valor à soja brasileira que é exportada – em vez de exportar grão, exportar produtos processados – é uma indústria. Você economiza transporte, fretes navais, e em vez de exportar um navio cheio de soja, você vai exportar um navio cheio de produtos processados, com muito maior densidade de valor”, observa. BNDES “verde” O BNDES, impulsionado com a troca de governo, deve desempenhar papel-chave para financiar projetos de infraestrutura que tenham foco no viés ambiental. Ao tomar posse da instituição, Aloizio Mercadante prometeu um banco “verde, inclusivo, tecnológico, digital e industrializado”. Não à toa, dois renomados especialistas em clima, o cientista Carlos Nobre e a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, foram nomeados para o conselho de administração do BNDES, que conta ainda com a ex-CEO do Natixis, Luciana Costa, como nova diretora para infraestrutura, transição energética e mudanças climáticas. Em um evento no começo de fevereiro, ela declarou que o mundo está “vivenciando a revolução industrial da economia de baixo carbono”, e o Brasil tem muito potencial por ter uma estratégica combinação entre potência energética e potência florestal”. Na Europa, o plano industrial do Pacto Verde vai ditar as linhas de uma nova política industrial no bloco para a transformação da matriz energética, com foco na fabricação de semicondutores, baterias, matérias-primas críticas, como o lítio, e o desenvolvimento de tecnologias limpas. O orçamento estimado é de US$ 350 bilhões, que devem sair sobretudo de receitas já existentes.
    2/15/2023
    7:06
  • Reforma da Previdência de Macron falha ao ignorar falta de empregos para os mais velhos
    O presidente francês, Emmanuel Macron, enfrenta um dos maiores testes do seu governo, o de aprovar uma reforma da Previdência que visa a aumentar a idade mínima para a aposentadoria dos atuais 62 para 64 anos no país. O projeto enfrenta forte rejeição da opinião pública – entre outras razões, por dar pouca atenção para um aspecto crucial dessa transição, melhorar o mercado de trabalho e combater o desemprego entre os ativos com mais de 55 anos. Atualmente, apenas um terço das pessoas acima de 60 anos tem uma vaga na França, e 75% daquelas com idade entre 55 e 60 anos. O texto que está sendo analisado pelo Parlamento instaura um dispositivo inédito para obrigar as empresas a monitorarem e divulgarem os dados sobre a porcentagem de empregados nas faixas etárias mais elevadas. As empresas com mais de 300 funcionários também deverão informar o que está sendo feito para contratar pessoas mais velhas e mantê-las em boas condições de trabalho. O problema, na visão de Bruno Palier, um dos maiores especialistas em proteção social do país, é que a medida não vem acompanhada de políticas públicas para garantir a empregabilidade ao longo de toda a vida, ao contrário do que promovem os países escandinavos ou a vizinha Alemanha – onde a idade mínima para se aposentar já é mais elevada. “O principal são duas coisas: primeiro, políticas de qualificação, permitindo aos mais velhos de continuar a se formar. Na França, é muito difícil os empregadores darem acesso a cursos para os funcionários a partir de 50 anos, enquanto que, na Alemanha, os empregados da indústria, por exemplo, continuam se formando com 55 ou 60 anos”, explica o diretor de pesquisas no Centro de Pesquisas Europeias da Sciences Po de Paris. "E o segundo elemento indispensável é melhorar as condições de trabalho, de modo que seja possível resistir às dificuldades físicas e psicológicas do emprego e estar em forma por mais tempo.” Atividades adaptadas ao longo da vida Medidas simples podem fazer a diferença. Na Suécia, onde 70% dos suecos com idade entre 60 e 64 anos ainda trabalham, as empresas têm salas de ginástica ou pagam academia para os funcionários, além de um ergonomista à disposição para escolher a melhor poltrona de trabalho conforme a idade e a função. A troca de atividade na última etapa da carreira, para aquelas que exigem mais esforço físico, também é facilitada. Na Finlândia, uma ampla campanha de sensibilização para os “tesouros nacionais" – os trabalhadores experientes – foi promovida nos anos 1990, com estratégias para os planos de carreira e ajuda fiscal para as empresas melhorarem condições de trabalho ao longo dos anos. Na França, ao contrário, o foco foi exaltar as dificuldades ligadas trabalho, para as quais a solução foi possibilitar a saída antecipada do cargo – liberando-o para um funcionário mais jovem. "O que nós fizemos na França foi colocar pressão sobre os empregados e quando achamos que eles estão bastante pressionados e acabados, nós os dispensamos. É por isso que as empresas francesas continuam a demitir os mais velhos: porque acham que eles são caros demais e pouco produtivos, já que estão esgotados”, salienta o autor de obras como Réformer les retraites (Reformar as aposentadorias, em tradução livre). "Nós não buscamos manter a capacidade produtiva deles", afirma Palier, que já foi professor convidado de renomadas instituições como as universidades de Harvard e de Estocolmo. “Descarte" antecipado Uma das medidas previstas pelo projeto de reforma facilita, justamente, o “descarte" antecipado, ao ampliar a abertura de negociações entre o trabalhador e a empresa dois anos anos antes da data prevista para a aposentadoria. Uma solução comum é que ele mantenha o salário, mas só tenha de trabalhar em meio período. A mensagem, por trás, é sem piedade: os mais velhos mais atrapalham do que ajudam. “A situação é muito binária na França: ou você está empregado e é pressionado o tempo todo, ou você é descartado e fica sem emprego. É por isso que os franceses não compreendem a mensagem quando o governo diz que eles vão precisar trabalhar mais tempo”, observa o pesquisador. "Uma grande parte dos que têm mais 55 anos não tem mais emprego e, mesmo assim, nos dizem que vamos precisar trabalhar mais. E a outra parte, o um terço dos que têm entre 60 e 62 anos e que ainda está empregado, fala: ‘mas eu não aguento mais!”, diz. Bruno Palier afirma que uma das formas que têm se mostrado mais eficazes para manter os trabalhadores motivados, mesmo após décadas na mesma empresa, é horizontalizar a estrutura de gestão. Nos países nórdicos, mas também na Califórnia, nos Estados Unidos, um grande número de decisões ocorre dentro das equipes, e não de cima para baixo. Os funcionários mantêm, assim, a sensação de valorização tão importante para continuarem ativos. “Mas a França manteve a velha estrutura vertical. As pessoas vão perdendo o sentido do trabalho, não têm mais reconhecimento, nem prazer. E, junto, aparecem mais problemas de saúde física e mental, decorrentes do trabalho”, constata o especialista. As previsões do Conselho de Orientação das Aposentadorias (COR, na sigla em francês) alertam para o perigo dessa tendência: hoje, 17 milhões de aposentados franceses são financiados por 28,8 milhões de ativos, mas em 2050 o número de aposentados subirá para 23 milhões, com a parcela de ativos semelhante à atual.
    2/8/2023
    5:55
  • Disparada de orgânicos na Europa sofre golpe da inflação e multiplicação da oferta
    Um círculo virtuoso inspirador está em plena crise na Europa. Nos últimos 10 anos, países da Europa experimentaram uma disparada da produção e das vendas de produtos orgânicos, em resposta ao interesse crescente dos consumidores em hábitos mais saudáveis e a proteção do meio ambiente. Mas o movimento levou a uma explosão da oferta que a demanda não conseguiu acompanhar – ainda mais no contexto de inflação alta, que tornou os produtos sem agrotóxicos ainda mais caros.   Países como a França estão sentindo o baque. Com a ajuda de generosas subvenções, a área plantada com orgânicos dobrou no país entre 2017 e 2022, chegando a 2,78 milhões de hectares e tornando os franceses os maiores produtores do setor na União Europeia. A seção de orgânicos nos supermercados saiu de um canto da prateleira de hortifrutigranjeiros e se espalhou pelas mais variadas seções, dos produtos de limpeza aos temperos na culinária. Nas ruas, a quantidade de lojas especializadas crescia a olhos vistos – a rede Biocoop, líder no setor, passou a ter 700 filiais pelo país. Do outro lado, porém, apenas 6% dos franceses passaram a consumir cotidianamente produtos orgânicos e somente 2% dos restaurantes ofereciam, no ano passado, pratos livres de agrotóxicos. A queda de 6,3% das vendas 2022 agora leva dezenas de produtores a questionar a conversão e voltar para a agricultura tradicional. “Foi um mercado que só cresceu, com progressões a dois dígitos até 2019/ 2020. Porém, depois da pandemia as vendas começaram a cair e o mercado de orgânicos realmente teve uma reviravolta nos supermercados em 2021, e até mesmo nos mercados especializados em orgânicos”, afirma a especialista em hábitos de consumo no varejo Emily Mayer, diretora de estudos no Instituto de Pesquisa e Inovação (IRI). “Nós esperávamos uma desaceleração, afinal não se pode ter crescimento de dois dígitos para sempre, mas não esperávamos que entraria no vermelho.” A saturação do mercado veio por diversas frentes. A multiplicação dos pontos de venda foi um aspecto crucial, mas a de ofertas também impactou negativamente. Do alimento orgânico, abriu-se o leque para produções com fabricação local, respeitosa dos animais, sem embalagens ou sem aditivos – características que podem se combinar, ou não, entre si. Na cabeça do consumidor, os conceitos se confundiram e o resultado foi uma perda de confiança. “Os consumidores descobriram que os orgânicos nem sempre eram produzidos na França, que eles vinham em embalagens nem sempre respeitosas do meio ambiente, e até que os componentes nutricionais dos produtos orgânicos poderiam ser piores que os produtos ditos convencionais. Tudo isso fez muitos franceses se questionarem se valia mesmo a pena pagar mais caro por um produto orgânico”, observa Mayer.   Na pequena Kelbongoo, instalada em uma rua simpática do 20º distrito de Paris, as vendas caíram 25%, abaladas pela inflação que chegou a 10% na França no segundo semestre do ano. “Temos menos gente, as compras são menores. Com a inflação, tivemos que mudar os preços várias vezes. Tentamos ficar abaixo da taxa de inflação, mas é muito complicado”, lamenta o gerente Geoffroy Brothier. “O circuito curto e o orgânico sofrem pela imagem de serem caros. Percebemos que as pessoas vêm para ver se é possível comprar”, complementa Natacha Gan, diretora de marketing da rede, especializada em circuitos locais de produção. “Temos os nossos clientes fiéis, mas tem muitos que vem no começo do mês e, no fim do mês, eles estão com dificuldades e acabam voltando a comprar em supermercados mais baratos.” Apesar dos contratempos, Emily Mayer não tem dúvidas de que essa fase representa uma transição para o amadurecimento de setor. Para ela, a preocupação com a qualidade sanitária e ambiental dos produtos veio para ficar no mercado europeu. Pierrick De Ronne, presidente da rede Biocoop, também vê o horizonte com otimismo. Ele espera ainda mais apoio do governo francês para transformar o nicho dos orgânicos em um dos motores da transição ecológica. “Acho que os consumidores voltarão cedo ou tarde. Estamos numa fase de acomodação do mercado, mas tenho certeza de que ele pode atingir 10 a 12% das vendas no varejo, ou seja, voltar a dobrar”, aposta. As reportagens e entrevistas desta edição foram publicadas originalmente no programa Eco d’ici et d’ailleurs, da RFI em francês.
    2/1/2023
    9:26

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