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  • Condições de vida na Maiote "chocam qualquer um"
    O arquipélago da Maiote, ao norte do canal de Moçambique, no oceano Índico, é o departamento mais pobre de França e recentemente as autoridades francesas enviaram uma força de cerca de 2.000 polícias para demantelar os bairros de lata e expulsar imigrantes ilegais. No entanto, parece haver "falta de vontade políticas" dos franceses para naturalizar muitas crianças filhas de estrangeiros nascidas na Maiote. Desde 2011, o arquipélago da Maiote, que inclui uma grande ilha conhecida como Maiote ou Mahoré ou Grande Terre, e duas ilhas mais pequenas e se situa ao norte do canal de Moçambique, no oceano Índico, é o centésimo primeiro departamento de França, após um referendo onde a população disse querer integrar o território francês, após quase duzentos anos de alinhamento ao lado dos gauleses.No entanto, mesmo com esta escolha bem cimentada no seio da sociedade da Maiote, o arquipélago enfrenta graves problemas de pobreza e imigração ilegal, com uma grande parte dos migrantes a virem das vizinhas ilhas Comores, sem, até agora, respostas à altura por parte da Paris. A Maiote é mesmo o departamento mais pobre de França.Aurélio Magalhães, moçambicano instalado na Maiote há cinco anos, é formador de português na Câmara de Comércio da Maiote e já viveu em França continental, na cidade de Nantes. Para este professor de português, as condições de vida nos bairros de lata da Maiote são “chocantes”."É um dos departamentos mais pobres de França, a vida é bastante cara em relação a outros departamentos e há uma forte população que vem das Comores, uma grande imigração. O primeiro choque é esse, uma população que está ilegal. Os bairros de lata não têm saneamento, não apresentam nenhuma condição para se viver dignamente. São condições de vida que chocam qualquer um", afirmou o formador de português.Desmantelamento em curso Após uma grande pressão por parte das autoridades locais, o Governo francês enviou um reforço de 2.000 polícias temporariamente para a ilha que já começou a levar a cabo o desmantelamento de vários bairros de lata onde vivem mais de 1.000 famílias em condições muito precárias. Esta é uma iniciativa bem-vinda pela população da Maiote, segundo Aurélio Magalhães onde a pobreza gerou um "clima de insegurança" e o aumento da criminalidade."É uma criminalidade praticada por crianças e jovens, a maioria até nasceu aqui, e até foram escolarizados, mas quando chegam aos 18 anos não têm alternativa. Se a lei do direito ao solo estivesse a ser aplicada, eles como nasceram em França deviam ser franceses. Não há infraestruturas e não há abertura da França para aplicar esta lei, falta vontade política para regularizar estas pessoas e as pessoas ficam aqui como se fosse uma prisão a céu aberto", explicou Aurélio Magalhães.Em França, as crianças nascidas de pais estrangeiros em solo nacional têm direito à nacionalidade aos 18 anos caso tenham vivido em território francês de forma contínua durante cinco anos desde a idade de 11 anos.Faltam agora alternativas de alojamento para todas as pessoas que estão a sair do primeiro bairro destruído, o Talus 2, com apenas uma parte a receber uma proposta de realojamento, nalguns casos, noutras regiões da ilha.Acabar com a imigração ilegalOutro dos objectivos da presença reforçada dos polícias franceses na Maiote é o repatriamento de muitos dos imigrantes que permanecem de forma ilegal nestas ilhas francesas. Com muitos a virem das ilhas Comores, os dois países têm tido sérios problemas diplomáticos, com as Comores a não aceitarem de volta os migrantes ilegais em território francês. Esta disputa, já ultrapassada entretanto, deixou a população da Maiote preocupada."É extremamente preocupante. Muitos destes imigrantes partilham a mesma religião e a mesma cultura e até laços familiares. A maioria dos locais tem um primo, um irmão ou uma cunhada que vêm das ilhas Comores", detalhou o professor de português.Para estes imigrantes, a Maiote apresenta-se como um oásis, já que as condições de vida nas Comores para muitos deles são ainda mais difíceis e uma legalização na Maiote pode significar a partida legal para a França continentalMaiote e Moçambique, dois territórios próximos, mas afastadosA trabalhar como formador de português na Câmara de Comércio da Maiote, Aurélio Magalhães tem sobretudo como alunos "empresários franceses" que querem procurar oportunidades de negócio em Moçambique, com o número de interessados na língua portuguesa a subir após a descoberta de vastas jazidas de gás na região de Cabo Delgado."Após a descoberta de importantes reservas de gás em Moçambique, há um aproximar destes dois territórios. A Maiote vê uma grande oportunidade em tornar-se a base de retaguarda dos projectos que se vão desenvolvendo em Moçambique, particularmente a Total em Cabo Delgado", declarou Aurélio Magalhães.Apesar da proximidade geográfica, não existem ligações aéreas directas - um voo directo levaria entre 40 a 50 minutos -, entre Maiote e Moçambique, com Paris e Maputo a tentarem agora aproximar estes dois territórios.
    24.5.2023
  • Obras de Jean-Michel Basquiat e Andy Warhol a quatro mãos na Fundação Louis Vuitton
    Até Agosto, a Fundação Louis Vuitton em Paris expõem dezenas de obras feitas em conjunto por Jean-Michel Basquiat e Andy Warhol, contando não só a parceria artísitca entre estes dois vultos da arte contemporânea, mas também a sua amizade e como este encontro influencia a arte e os artistas em todo o Mundo até hoje. Há 35 anos desaparecia o artista norte-americano Jean-Michel Basquiat. Durante os seus 27 anos de vida teve uma produção fulgurante deixando mais de 2.000 quadros e desenhos, assim como escritos e também uma grande influência nos estilos urbanos como o grafiti, mas também a música dos anos 80, especialmente no rap, tendo chegado mesmo a integrar diversos grupos e a produzir discos de artistas nos quais acreditava.Na sua curta vida, Jean-Michel Basquiat, que tinha origens haitianas e porto-riquenhas, procurou um regresso à sua ancestralidade, apresentando na sua representação da arte moderna, uma reinterpretação da arte africana, como máscaras cerimoniais e silhuetas inspiradas na arte tradicional, dando, pela primeira vez na história da arte ocidental, um lugar de destaque às figuras negras.Ainda em vida, Jean-Michel Basquiat atingiu o estrelato e a admiração do mundo da arte, e, nesta trajectória, um dos momentos mais importantes para o artista foi a parceria com um dos seus ídolos, Andy Warhol. Com 30 anos de diferença, Warhol e Basquiat travaram uma amizade que os marcaria profundamente a nível pessoal e uma colaboração artística intensa que durou entre 1982 e 1985 tendo produzido 160 quadros a quatro mãos.  Para lembrar este período áureo da arte contemporânea e assinalar os 35 anos da morte de Jean-Michel Basquiat, que morreu de uma overdose de drogas em 1987, a Fundação Louis Vuitton, em Paris, organiza até final de Agosto, uma retrospetiva com as principais obras elaboradas por Basquiat e Andy Warhol.Os dois artistas vão trocar entre si hábitos e formatos, com Andy Warhol a voltar a pintar e Basquiat a descobrir-se através dos grandes formatos comos explicou Olivier Michelon, comissário da exposição BASQUIAT versus WARHOL, À QUATRE MAINS, em entrevista à RFI."Não sei se a influência no estilo se possa ver na forma como criavam, mas sobretudo na maneira como pensavam e esta influência vê-se nos quadros. Temos elementos que podiam ser pintados por Warhol ou por Basquiat e vice-versa. É verdade que Andy Warhol volta a pintar e isso é um pedido de Basquiat. Já Basquiat vai utilizar serigrafias, algo que é muito característico de Andy Warhol e Jean-Michel Basquiat vai utilizar muito esta técnica. Depois temos também o formato das telas e como Andy Warhol é já um artista conceituado, tem muitos assistentes e trabalha sobre grandes telas, algo que Basquiat vai passar também a fazer", disse Olivier Michelon.A energia contagiante vai levar os dois artistas numa primeira fase a ocuparem um antigo atelier de Andy Warhol onde conseguem levar a cabo pinturas de grande formato. Algumas eram começadas por Andy Warhol com logos de produtos de higiene Arm & Hamer, ou da General Electrics, e com Basquiat a desenhar por cima figuras africanas, palavras com impacto social, desconstruindo os ícones da arte pop que inspiravam Warhol."Há cerca de 30 anos de diferença entre os dois artistas. Andy Warhol manteve-se sempre muito aberto a tudo o que se passava à sua volta e vê na cena jovem de Nova Iorque nos anos 80 um regresso à efervescência dos anos 60, com uma liberdade na pintura, algo que ele talvez tivesse perdido de vista. Há realmente uma energia renovada com Basquiat", indicou o comissário.Esta colaboração vai reflectir também o momento que se vivia nos Estados Unidos. De um lado um ambiente cultural em ebulição, com o aparecimento de novos artistas como Keith Haring e de fenómenos com Madonna, que teve uma relação com Basquiat… Do outro lado, o racismo, que nem os movimentos dos direitos civis dos anos 60 e 70 conseguiram apagar e que tornavam difícil para Jean-Michel Basquiat conseguir apanhar um mítico táxi amarelo em Manhattan à noite.  Com muitos críticos de arte a questionarem a influência que Warhol tinha sob Basquiat, este decidiu afastar-se e os dois artistas deixaram de ser próximos. Andy Warhol morreria em 1987, deixando Basquiat destruído. Assolado novamente pelas drogas e uma vida de excessos, Basquiat viria a morrer em 1988.Mais de 30 anos depois, esta cumplicidade tem atraído milhares de pessoas à Fundação Louis Vuitton."É uma exposição que está a ter muito sucesso. Já tínhamos organizado uma exposição sobre Jean-Michel Basquiat em 2018 que também tinha sido muito apreciada pelo nosso público. Os nossos visitantes querem saber mais sobre este artista e nós fazemos um género de zoom na sua colaboração com Andy Warhol. O próprio Andy Warhol é uma referência para muita gente, histórico e isso permite-nos juntar dois públicos. A exposição funciona muito bem porque conta uma história, um diálogo entre dois artistas em que cada um tem a sua própria história e o seu desenvolvimento, o que dá origem a algo muito vivo. É como estivéssemos a assistir a uma conversa entre os dois porque eles falam através dos seus quadros e nós fazemos parte disso", anunciou Olivier MichelonSe a sombra de Andy Warhol parecia pesada em 1985. Jean-Michel Basquiat tornou-se, entretanto, um dos artistas mais caros do Mundo com a sua obra Untitled, de 1982, a ter obtido um o valor de 110,5 milhões de dólares, num leilão conduzido pela Sotheby’s New York, em Nova Iorque.Já o impacto de Jean-Michel Basquiat na arte, especialmente na arte africana contemporânea, não tem preço, tendo influenciado todas as gerações que se lhe seguiram."O que é evidente na influência de Jean-Michel Basquiat é que ele como afro-americano, com as suas raízes haitianas e porto-riquenhas, tem uma pintura de mistura, uma pintura crioula, e a sua relação com África passa pela dispersão da cultura africana, a maneira como ela se transformou e também a musica. Hoje, Basquiat, é uma voz e uma referência para todos os artistas que nasceram a partir dos anos 80 e cresceram com uma cultura mestiça, quer sejam africanos ou não", concluiu Olivier Michelon.Obrigada por ter acompanhado este magazine Artes, até para a semana.
    23.5.2023
  • Paris e Florença querem aliança de teatros europeus e africanos
    O Théâtre de la Ville, em Paris, e o Teatro della Pergola, em Florença, querem dinamizar as trocas entre os teatros europeus e africanos. O projecto tem juntado profissionais de vários países, incluindo de Angola, que vai refazer “consultas poéticas” em Setembro e deverá ter um festival com participantes europeus e africanos em 2024. Cerca de um ano depois de o Théâtre de la Ville, em Paris, e o Teatro della Pergola, em Florença, terem lançado o projecto “Nova Aliança de Teatros Europeus”, a iniciativa começou a integrar companhias africanas. Em Janeiro de 2023, a experiência foi reforçada com um programa de formação de actores. O mês de Maio foi palco de encontros, em Florença e em Paris, entre profissionais dos dois continentes para criar projectos comuns e quebrar fronteiras e estereótipos. Em Paris, as mesas-redondas e encontros aconteceram no âmbito do festival Chantiers d’Europe, promovido pelo Théâtre de la Ville. Emmanuel Demarcy-Mota, director deste espaço, explica que se tenta “reinventar uma cooperação” com o teatro africano e com uma “nova geração” de artistas, nomeadamente em torno da questão de “o que é ser um actor neste século XXI”. Ainda assim, o encenador lembra que o projecto se inspira “nas relações que foram criadas a partir dos anos 70”, nomeadamente com o trabalho do britânico Peter Brook no continente africano, em que participou, também, o português João Mota.Paralelamente, em 2020, o Théâtre de la Ville lançou a chamada "Trupe do Imaginário" para se fazerem “consultas poéticas, musicais e dançadas”. O projecto começou durante a pandemia como uma forma de ajudar e remunerar profissionais de um sector altamente afectado pela crise sanitária e conta, hoje, com uma centena de artistas a fazerem essas “consultas poéticas” em 25 línguas e em vários países. Além de várias estruturas na Europa, a trupe tem companhias de uma dezena de países africanos, nomeadamente Angola. Ngau Tchiama Diakusekele, directora da companhia angolana de artes “Ngau Moyo Arte e Cultura”, conta que em Setembro, Luanda vai ter novamente “consultas poéticas”, depois de uma primeira edição em Dezembro. Por outro lado, está a ser preparado, para 2024, um festival de teatro com participantes europeus e africanos.Ver o mundo de um ponto de vista africano e descentralizar os discursos e as práticas da criação artística é um dos desafios de uma eventual aliança entre teatros europeus e africanos. A trabalhar nesse sentido está a bissau-guineense Elizabeth Gomis que, no final de 2024, sob a alçada do governo francês, espera ter pronta a "Maison des Mondes Africains" [« Casa dos Mundos Africanos »] em Paris. A ideia surgiu da constatação que “a França é o país europeu que tem a maior diáspora africana”, mas “não há nenhum local para unir, para celebrar e para lembrar”.“Vai haver uma programação pluridisciplinar, com destaque para as artes, porque sabemos que há uma arte contemporânea africana muito forte e que não está nos programas escolares. O angolano Binelde Hyrcan contou-me que estudou aqui [França] e quando quis tratar de temas africanos, os professores não quiseram e ele disse que tem um ponto de vista africano e angolano, não vai estudar um artista contemporâneo clássico europeu. Ou seja, temos de tratar do ensino, da memória e ter uma programação pluridisciplinar, que contemple também o cinema. Temos a Cinemateca África que são mais de 1700 filmes africanos guardados no Instituto Francês, mas estes filmes devem ser mostrados porque são o património de todo o continente e queremos colaborar com esses países”, explicou Elizabeth Gomis. (Reportagem áudio com excertos da música “Bloodflow” de Grandbrothers)
    23.5.2023
  • Angola: "É preciso recolocar as pessoas no centro, através da participação"
    "Em Angola, como noutros lugares onde a guerra civil ou situações de crise social persistem por longos períodos de adversidade e privação, as pessoas não se lamentam nem protestam com a situação de pobreza", escreve a académica angolana, Cesaltina Abreu, no artigo científico "Desigualdade social e pobreza: ontem, hoje e (que) amanhã". Cesaltina Abreu é cientista social em Angola, membro do conselho de política científica da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas em Língua Portuguesa. "Hoje, nas universidades, as áreas prioritárias são as aplicadas, as tecnologias e as digitais... porque o resto incomoda", aponta a socióloga e engenheira agrónoma.A académica inúmera algumas dificuldades sentidas no campo das Ciências Sociais e Humanas, que continua a não ser uma prioridade em Angola. "Tirar as pessoas do centro é tirar a criatividade e inovação que cada um de nós tem. Essa criatividade não é possível encontrar através de modelos. É preciso recolocar as pessoas no centro, através da participação, mas essa participação exige tempo e hoje não há tempo", descreve. Uma participação que "incomoda as elites políticas, as elites religiosas, apoiadas pelos silêncios e omissões da sociedade", acrescenta.Cesaltina Abreu sublinha, ainda, a falta de preservação das línguas dos vários grupos étnicos angolanos. "Tudo o que é válido está noutra língua. Este país tem não sei quantas línguas de vários grupos e, ao fim de cinco décadas, Angola ainda não conseguiu adoptar um plurilinguismo, que poderia ter numa primeira fase o bilinguismo o português e a língua local, como língua obrigatória. Mais cedo ou mais tarde isto vai acontecer, mas entretanto já perdemos muito tempo e excluímos muita gente", aponta.Questionada sobre os traumas colectivos em Angola, Cesaltina Abreu acredita existir "uma cultura de medo. Vamos buscar, o tempo todo, fantasmas do passado. No fim da guerra, a 4 de Abril 2002, usa-se o termo paz efectiva, mas a paz não é o fim da guerra, paz é muito mais do que isso. Seria um processo de construção de uma memória social a partir de memórias colectivas. Isso não seria um processo fácil porque iria criar momentos muito difíceis do ponto de vista dos sentimentos, dos traumas, mas a melhor maneira de lidar com os traumas é enfrentá-los e não fazer de conta que eles não existem", prossegue.Cesaltina Abreu lamenta que as promessas do Movimento de Libertação Colonial tenham ficado por cumprir; "nas promessas estava a participação das pessoas, através de referendos, na forma de pensar e de organização política e administrativa. Não me venham dizer que é ocidental, mas os Camarões, Nigéria e África do Sul conseguiram encontrar, ao seu jeito, uma forma de fazer a distribuição e a organização da política e da economia de forma a respeitar as culturas existentes, tão maltratadas no período colonial e entre si".
    19.5.2023
  • Fondation Villa Datris homenageia arte cinética no sul de França
    A Fondation Villa Datris, em Isle-sur-la-Sorgue, no sul de França, tem patente, de 19 de Maio a 1 de Novembro, a exposição “Mouvement et Lumière” [“Movimento e Luz”] com obras de 60 artistas. A exposição é uma homenagem aos precursores, protagonistas e herdeiros da arte cinética e junta obras, por exemplo, de Jesús-Rafael Soto, Victor Vasarely, Julio Le Parc e Olafur Eliasson. O brasileiro Jaildo Marinho também apresenta duas peças e esteve à conversa com a RFI. A mostra “Movimento e Luz”, na Fondation Villa Datris, em Isle-sur-la-Sorgue, propõe uma imersão na arte cinética, dos seus primórdios aos ecos mais actuais. A exposição começa com a imersão num dos “penetráveis” do artista venezuelano Jesús-Rafael Soto, um convite para o visitante se perder nos meandros do movimento de imensas linhas verticais azuis dentro de um cubo sem paredes ao ar livre. Ao lado, está uma escultura de Jaildo Marinho, em mármore e com ligeiros toques de cor, a sugerir movimento e a questionar a aparente permanência das formas geométricas. Estas duas obras dão, logo na entrada, o tom lúdico a uma exposição imersiva e contemplativa que ocupa três andares de uma casa oitocentista e, depois, o seu próprio jardim.  “Mouvement et Lumière” junta obras de protagonistas da arte cinética dos anos 50, como Jesús-Rafael Soto, Victor Vasarely e Yaacov Adam, assim como da Op Art e da arte minimalista dos anos 60, como Julio Le Parc, Bridget Riley, François Morellet e Dan Flavin. A mostra não esquece um dos pioneiros das experimentações do movimento e da luz, Alexander Calder, para chegar aos herdeiros de hoje, com peças de Philippe Parreno, Xavier Veilhan, Olafur Eliasson, Marina Apollonio, Andrea Bowers, Elias Crespin, Jaildo Marinho, entre tantos outros.Dez anos depois de uma primeira mostra homónima dedicada a este movimento, a fundação repete a aposta, orientando as escolhas das obras com temas que ecoam com 2023, como a urgência ecológica e a omnipresença da tecnologia. Algumas salas são dedicadas integralmente a uma obra para uma imersão completa e um contacto no escuro com formas móveis, florescentes e poéticas, como “Sphère Bleue” [2013] de Julio Le Parc ou “TriAlineados Fluo Vert” [2016] de Elias Crespin.   O brasileiro Jaildo Marinho, a residir em Paris há 30 anos, já tinha participado na primeira exposição em 2013, voltou a ser convidado e apresenta duas obras. A primeira acolhe o visitante à entrada, no exterior, em frente à peça monumental de Jesus Rafael Soto. “Tres Stelas, Bonnieux” é uma escultura em grande formato, em mármore de Carrara, em que três quadros parecem ter sido apanhados em flagrante movimento diagonal em cima de uma base maciça rectangular. A versão inicial era feita de resina e, na altura, os fundadores da Villa Datris, Danièle Marcovici e Tristan Fourtine, encomendaram-lhe uma peça semelhante em mármore. “Foi aí que eu tomei a decisão de fazer o diálogo entre os quadrados, onde tem um jogo de diagonais que vem enquadrar o vazio. O mármore representa a eternidade e a cor vinha dar um toque mais contemporâneo, mas que representava a vida e que um dia iria desaparecer”, explica o artista.O mármore já faz parte do seu ADN, assim como a transformação deste material pesado em algo aparentemente leve. “O meu trabalho é uma leveza de toneladas”, resume o artista, acrescentando que também altera o carácter austero e frio do mármore com os apontamentos de cor capazes de lhe darem uma “outra temperatura”. Por isso, Jaildo Marinho nega que o mármore seja clássico, ainda que tenha um carácter de eternidade. Tanto é que, para ele, Auguste Rodin “foi o pai da arte moderna”, assim como Brancusi. Mais uma vez, o mármore resiste ao tempo, persiste nos ateliers e “nunca vai envelhecer” porque “o que muda é o conceito e as técnicas e sempre será uma matéria actual e inspiradora”.A outra peça que apresenta na Fundação Villa Datris é uma pintura que questiona a própria noção de pintura. Ainda que ele diga que alguns colecionadores olham para a sua pintura como “uma escultura que vai à parede”, esta parte do seu trabalho é mesmo a pintura a olhar para si própria e a extrapolar o seu papel de tela que contém um espaço, cores e um desenho porque o que esta obra mostra “é o infinito”.“Eu abro o quadro para a gente ver o que está por detrás da pintura. Se essa pintura estiver numa parede de vidro, o que se passa é o quotidiano, o dia-a-dia. Então, é uma pintura que se transforma a cada instante. Eu mostro o que se passa por trás da pintura, não mostrar apenas a superfície, mas também o interior, a alma da própria arte”, explica.  A noção de vazio é uma constante no trabalho de Jaildo Marinho que se inspira no seu Brasil natal. “Eu venho de uma região do Brasil, do nordeste, que é uma região muito árida e, praticamente, não tem nada. Foi daí que surgiu essa ideia de eu desenvolver essa pesquisa sobre o vazio e poder enquadrar o vazio da vida, ao vazio”, descreve. Em termos plásticos, a sua pesquisa também tem perseguido esse conceito do vazio, daí ter enveredado por um vocabulário geométrico e ter assumido o legado dos movimentos MADI e Neoconcreto.Jaildo Marinho trocou o nordeste brasileiro pela capital francesa em 1993 e acredita que “Paris nunca vai deixar de ser uma cidade-luz”, ainda que a cidade há muito tenha perdido o estatuto de epicentro da criação artística. O que fica é a oferta dos tantos museus e as mil e uma possibilidades que se abrem aos artistas aí residentes de reverem os mestres e descobrirem as propostas dos artistas emergentes. Jaildo cumpre, também, o que chama de tradição de artistas brasileiros de rumarem a Paris, como Cícero Dias.Curiosamente, o escultor tem o seu atelier, há 30 anos, na "colina Rodin". E foi, também, em Paris que conheceu o seu outro “mestre”: Jesus Rafael Soto. “Eu acho que essa geração de arte abstracta, geométrica, dos anos 90 para cá, eu acho que todos são filhos do Soto, como do Malevitch, do Rodtchenko... O Soto tem uma influência muito forte no meu trabalho porque o conheci e convivi com ele no atelier”, recorda.Desses tempos, além da influência plástica, herdou “a humildade”, “o respeito dos outros artistas, do ser humano” e a vontade de “fazer uma obra que possa agradar a todos, até às crianças”. No fundo, e de um modo geral, Jaildo Marinho diz que a sua obra representa “pureza, sinceridade e respeito porque é feita com muita humildade, amor e determinação”.Nos próximos tempos, o artista tem vários projectos em agenda. Entre Maio e Junho vai expor na Maison Louis Carré, desenhada pelo arquitecto Alvar Aalto. O desafio é “dialogar com a arquitectura de curvas” do arquitecto finlandês, tanto mais que Jaildo Marinho associa o desenho da curva à sensualidade do Brasil.Para breve, está também uma mostra numa galeria em Paris, em Junho. Em Setembro, vai participar na feira ArtRio, no Rio de Janeiro, e também concluiu uma obra permanente para Brasília. Está, ainda, a preparar um projecto para Janeiro em Lisboa em homenagem ao rei português Dom Sebastião, com mármore também português.
    18.5.2023

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