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  • Cinebiografia de Ney Matogrosso fecha Festival de Cinema Brasileiro de Paris após sucesso no Brasil
    O longa "Homem com H", cinebiografia que homenageia Ney Matogrosso, fechou a programação do Festival Internacional de Cinema Brasileiro em Paris na terça-feira (6), depois de uma estreia de enorme sucesso em 1° de maio no circuito nacional. Mais do que um retrato de um ícone da música popular brasileira, o filme dirigido por Esmir Filho investiga as brechas poéticas entre ficção e realidade, reativando a memória afetiva do repertório de um dos maiores intérpretes do cancioneiro do Brasil. O diretor Esmir Filho conta que uma das primeiras etapas do processo de escrita e realização do filme foi ouvir toda a discografia de Ney Matogrosso em ordem cronológica. Segundo o realizador, esse mergulho sonoro funcionou como uma espécie de ativação das memórias afetivas ligadas à obra do artista. A partir dessa imersão, surgiu a necessidade de fazer escolhas dentro do vasto universo que Ney representa. Segundo ele, o desafio foi justamente selecionar, entre tantas fases e personagens que compõem esse “panteão” musical e performático, os elementos que melhor traduzissem a essência de Ney Matogrosso para a linguagem cinematográfica."Ney é um artista que sempre escolheu as músicas que quis cantar. Ele não é um compositor, ele é um intérprete, mas ele é também um coautor da música, porque ele amplia o significado da canção, ele torce os sentidos", destaca Esmir Filho."Outra coisa que ele sempre diz é que ele cultiva o amor à primeira escuta. Eu acho isso lindo, é quando bate de cara, sabe?", diz. "Foi muito lindo partir desse ponto, pensar a música para depois depois mergulhar na história do artista e entender o que ele estava vivendo enquanto ele cantava", ressalta.Lacunas entre a realidade e a ficçãoNa visão do diretor, a cinebiografia — ou biopic — também pode abrir espaço para a invenção e a ficção. A ideia parte de uma concepção mais poética da memória, que ele próprio resumiu em uma frase dita durante uma conversa com Ney Matogrosso: “Memória é lacuna”. Ao compartilhar essa provocação com o artista, Esmir Filho conta que recebeu uma resposta positiva, como se Ney reconhecesse, também, que lembrar não é simplesmente recuperar fatos, mas lidar com fragmentos, sensações e silêncios."Eu acho que, quando a gente trabalha com cinema, trabalha com uma estrutura narrativa. Existe um arco de personagem a ser construído", afirma. "Por isso, minha intenção nunca foi simplesmente colocar um monte de eventos que aconteceram na vida do Ney, como se fosse um mosaico de momentos soltos. Eu sentia que precisava haver uma linha, um fio condutor narrativo. E passei um bom tempo tentando entender qual seria esse fio. Aos poucos, percebi que ele era quase transparente, mas, ao mesmo tempo, muito forte. Era um fio emocional", sublinha o diretor.Esmir Filho conta que Ney Matogrosso acompanhou de perto o processo de escrita e realização de "Homem com H". "Desde o início do processo, o Ney acompanhou tudo de perto. Ele leu todas as versões do roteiro e sempre fazia comentários, trazia detalhes, enriquecia com mais textura. À medida que lia, ia captando nuances, compreendendo as escolhas narrativas — como, por exemplo, quando duas situações reais, que aconteceram em momentos diferentes da vida dele, eram fundidas em uma única cena para fins de construção dramática", diz. "Eu sempre mostrava para ele, queria saber se algo o incomodava. Mas nunca houve uma relação de aprovação formal ou de controle criativo. Era um espaço de colaboração, de troca, de presença", destaca Filho. "Quando comecei a escolher o elenco, mandava para ele as fotos dos atores, mostrava os rostos, queria que ele visse quem estaria ali representando sua história. Ele chegou a acompanhar três diárias de filmagem — ficou muito feliz, se emocionou. E, antes mesmo do corte final, fiz questão de mostrar um corte mais avançado do filme, porque queria saber o que ele sentia ao assistir. Foi uma forma de respeitar esse vínculo que construímos ao longo de todo o processo", afirma o realizador.Pastiche do clichê masculinoA escolha do título "Homem com H" reflete quase um pastiche do clichê masculino, da figura de autoridade paterna que Ney Matogrosso sempre confrontou de forma tão direta. "Ney borra as fronteiras da masculinidade, questionando tudo o que é dado, aprendido ou imposto. Muitas vezes, a masculinidade se revela opressiva para muitos corpos, e é nesse contexto que a primeira frase do pai na história dele ganha peso, ele bate no filho dizendo 'para você aprender a ser homem'. Mas o que significa ser homem? Essa pergunta ressoa ao longo de toda a trajetória do intérprete", aponta Esmir Filho."O nome do filme também carrega uma reflexão interessante. Quando recebi o convite da Paris Filmes e Paris Entretenimento para escrever e dirigir a cinebiografia, me deram liberdade para decidir o recorte, com uma condição: o título já estava definido", conta. "Eles escolheram Homem com H por conta da música, que é o maior hit de Ney. Isso me fez parar e refletir: o que esse nome significa na cinematografia desse artista? Foi então que percebi que, assim como Ney canta com deboche a música Homem com H, ele amplia e distorce seu significado. Ele diz: 'Eu sou homem, sou com H, mas tô aqui, tô fazendo isso'. É uma afirmação irônica, e eu acho isso lindo", sublinha.Em plena ditadura militar, em um Brasil essencialmente machista e homofóbico, podemos dizer que Ney Matogrosso encarnava sua luta por liberdade ao exaltar e celebrar um corpo queer, mas o fazia de forma instintiva, segundo o realizador. "Ney chegou antes de tudo isso. Ele chegou quando 'tudo era mato'. É como se, ao chegar, ele fosse esse ser selvagem, que mirou no bicho e decidiu dizer aos homens, mulheres e a todos que podemos ser mais do que uma coreografia rígida do gênero", afirma Esmir Filho.O diretor descobriu durante o processo de filmagem, lendo a biografia que inspirou o filme, que o nome do artista não era Ney Matogrosso, mas sim Ney de Souza Pereira. "O pai dele, militar, se chamava sargento Matogrosso, e foi essa herança familiar que acabou sendo transformada no nome artístico", revela."Ele incorpora o nome do pai para entrar em cena, adota o nome dele como uma maneira de resgatar simbolicamente aquilo que lhe foi negado. Esse gesto é poderoso. O pai disse: 'Você não vai ser artista, eu não quero isso perto de mim'. E Ney respondeu: 'Não, eu vou ser artista, e o seu sobrenome vai comigo.' Esse movimento, essa escolha de levar o nome do pai como um símbolo de afirmação pessoal e artística, é algo muito forte", argumenta.Cazuza e Ney"Sempre que eu dizia que estava escrevendo a cinebiografia de Ney Matogrosso, todo mundo perguntava: 'Vai ter Cazuza, né?'. E não era só uma simples pergunta, mas uma expectativa", conta, divertido, o diretor."Todo mundo sabia da história de amor que eles viveram. E, quando falo de uma história de amor, não me refiro apenas à paixão intensa e efêmera dos três meses em que namoraram, mas sim a um amor que perdurou para toda a vida. Eles se completaram muito como artistas, se dialogaram nesse lugar, e essa troca foi crucial na carreira dos dois", destaca."A turnê O Tempo Não Para, que foi a última turnê de Cazuza — se não me engano —, é um exemplo disso. Naquele momento, ele já estava fortemente afetado pela AIDS, e a turnê se tornou uma despedida artística deles dois. Foi durante essa turnê que Ney elaborou todo o setlist com Cazuza, vestiu ele e, inclusive, foi responsável pela imagem que temos de Cazuza no palco com aquelas luzes — o desenho de luz era de Ney, ele dirigiu esse show", conta Esmir Filho."Quando Cazuza disse que não daria tempo de incluir a música [O Tempo Não Para] no show, Ney insistiu: 'Não, ela vai encerrar'. Essa história é fundamental na trajetória de ambos, tanto de Cazuza quanto de Ney, e precisava ser contada", conclui.O longa "Homem com H" segue nas primeiras posições das bilheterias brasileiras, contabilizando mais de 160 mil espectadores na primeira semana e, em breve, disponível em streaming "para mais de 180 países, para todos assistirem". Em francês o filme se chama Homme avec un grand H (Homem com H maiúsculo, no original). Eu gostei da tradução", finaliza o diretor.(Para assistir à entrevista completa, clique na imagem principal da matéria)
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  • "Sobreviventes": filme sobre naufrágio de navio negreiro questiona colonialismo português
    O filme 'Sobreviventes', uma coprodução Brasil-Portugal, estreou nos cinemas brasileiros em abril e será projetado neste domingo (04) na mostra competitiva do Festival de Cinema Brasileiro de Paris. “Sobreviventes” é o último trabalho do cineasta e documentarista José Barahona, morto em novembro de 2024. Com roteiro assinado por José Eduardo Agualusa e pelo próprio Barahona, a obra conta a história de um grupo de náufragos de um navio negreiro - negros e brancos - isolados em uma ilha deserta no século 19, onde enfrentam o dilema entre reproduzir hierarquias do passado ou construir um novo modelo de convivência, tendo como pano de fundo a escravidão e o colonialismo português. “Sobreviventes” encerra a trajetória de Barahona, cineasta que dedicou grande parte de sua carreira a questionar as relações históricas entre Brasil e Portugal."O projeto nasceu em 2012, quando José escreveu a primeira versão da história, ainda como um resquício do documentário 'Manuscrito Perdido', que ele tinha filmado antes no Brasil", relembra a produtora Carolina Dias. O roteiro foi desenvolvido em parceria com o escritor angolano José Eduardo Agualusa, uma escolha que ela considera essencial: "Fazia todo o sentido trazer um roteirista africano, e o Agualusa tem esse conhecimento tão vasto da cultura angolana, mas também portuguesa".A obra traduz, segundo a produtora, diversas questões que o diretor levantava frequentemente sobre as relações históricas de Portugal com o Brasil e a África. “Ele gostava de questionar esse olhar de glória que os portugueses têm sobre o colonialismo. Ele não estava de acordo com esse olhar, 'a custa de quem a gente fez tudo isso? O que a gente provocou no mundo com esse colonialismo?' Ele gostava de cutucar, colocar essas questões e suscitar esses debates”, relembra Carolina.   Desafios das filmagensAs filmagens, em uma ilha do Oceano Atlântico, transformaram-se em uma verdadeira aventura, refletindo a própria temática do filme. Foram cinco semanas de gravação, com a equipe enfrentando grandes desafios de acesso às locações e as variações do clima. "José teve a ideia numa praia de acesso difícil, onde a gente tem que descer por uma trilha com corda no final. Para ele, sempre tinha que ser nessa praia", conta Carolina. A natureza torna-se, assim, elemento fundamental na narrativa: "Foi sempre um personagem que ele quis que fizesse parte do filme".Paulo Azevedo, que interpreta o Padre Angelim, descreve seu personagem como um espelho das contradições sociais ainda presentes. "É um personagem que nasce em Portugal e vai muito cedo para o Brasil. Ele fala um pouco dessas pessoas sem raízes, que não são nem de um lugar nem de outro, mas que se escondem por trás dos personagens sociais que vestem", explica o ator, que já havia colaborado com Barahona em outros dois longas-metragens, “Estive em Lisboa e Lembrei de Você” (2015) e “Alma Clandestina” (2018)."Durante as sessões, tanto no IndieLisboa quanto na Mostra de São Paulo, a gente pode ver o quanto as pessoas têm quase um riso nervoso por perceber que, mesmo em uma situação no século 19, algumas falas e situações estão presentes ainda hoje", observa Paulo, destacando a contemporaneidade das questões abordadas no filme.O ator ressalta a importância de revisitar esse período histórico: "Assim como a Europa e o hemisfério norte olham tanto para a Segunda Guerra e a gente vê tantas versões sobre esse mesmo fato, ainda falta muito para entendermos como a escravatura envolveu tantos países e qual o papel de cada um deles, e como isso está presente ainda hoje”. Paulo Azevedo destaca ainda a mensagem que o filme propõe ao dialogar com o momento atual da sociedade. "A gente fala muito de como manter viva a democracia, e não tem como avançar qualquer discussão sem pensar o racismo. É olhar para essas cicatrizes e tentar construir alguma forma de reparação para ter uma sociedade que vale a pena para todo mundo".LegadoEmbora ambientado no passado colonial, "Sobreviventes" transcende as questões raciais e de gênero, observa Carolina Dias. "O filme tocou as pessoas num lugar ainda mais profundo. É realmente da noção de humanidade, de como a gente segue junto", avalia. Para a produtora, "Sobreviventes" representa uma conclusão coerente da jornada artística de José Barahona. "O Brasil foi muito importante para o Zé, e a relação Brasil-Portugal era um tema muito importante do trabalho dele. Ele tratou de questões indígenas, da escravatura, das questões políticas. Esse filme acaba sendo uma conclusão dessa jornada de vida e da obra dele".
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  • "O cinema brasileiro está bombando", diz diretora de Festival de filmes nacionais em Paris
    Começa nesta terça-feira (29) o 27° Festival do cinema Brasileiro de Paris. Até 6 de maio, o evento apresenta oito longas-metragens de ficção em competição, nove em sessões especiais e documentários. Na noite de abertura, a atriz e diretora paraense Dira Paes receberá o Troféu Jangada, a sua primeira premiação na Europa. A RFI conversou com Katia Adler, diretora do festival, para saber os destaques deste ano.  O tradicional festival do cinema brasileiro em Paris acontece no cinema L'Arlequin, no bairro turístico de Saint-Germain-des-Près. A organização selecionou 31 filmes, de vários gêneros. Katia Adler fala sobre o bom momento do cinema nacional. "É uma diversidade do cinema brasileiro, que esse ano está bombando. A gente tem um primeiro Oscar, a gente teve um prêmio em Berlim e tem um filme do Kleber Mendonça em Cannes. Eu sinto que os franceses estão muito curiosos para ver o festival", afirma. "Eu diria que 80% dos filmes são inéditos e muitos deles só vão passar no festival, que serve de vitrine para outros festivais na Europa", completa.  A sessão de abertura terá a exibição do drama "Vitória", de Andrucha Waddington, com Fernanda Montenegro no elenco. O filme conta a história de Nina, uma mulher de 80 anos que, sozinha, desmantelou um esquema de tráfico de droga em Copacabana, no Rio de Janeiro.Na mesma noite, a atriz Dira Paes, um dos grandes nomes do audiovisual brasileiro, receberá o Troféu Jangada. A sua carreira cinematográfica será celebrada no festival parisiense com a exibição de cinco longas-metragens que marcaram sua trajetória como atriz e diretora. Natural de Abaetetuba, no Pará, a artista comemora 40 anos de trabalho, em que participou em mais de 40 filmes e 20 produções para a televisão. "A Dira é uma representante não somente do Pará, mas ela defende as mulheres, defende várias causas. Ela não tem medo de nada, de colocar o seu rosto. E, além disso, ela começou pelo cinema e não pela televisão, o que é muito interessante", explica a diretora do festival.  Dira Paes receberá o prêmio das mãos de Marina Foïs, atriz franco-italiana escolhida como madrinha desta edição do festival. Ela ganhou fama na década de 1990 como membro da trupe Robins des Bois e é uma apaixonada pela cultura e pelo cinema brasileiro. "Ela é francesa e tem uma carreira parecida com a da Dira. Ela começou a trabalhar na televisão e agora está indo para o cinema. Mas ela é super engajada e a gente precisa, no mundo atual, desses engajamentos sem medo", observa Adler.  Na dia 6 de maio, às 14h, Dira Paes ministrará uma Master Class, no anfiteatro Richelieu, na Sorbonne. Na ocasião, ela falará sobre seu trabalho como atriz e diretora, função na qual estreou com o filme Pasárgada, lançado em 2024. Outros filmes da atriz serão apresentados no festival: "Anahy das Missões" (1997), de Sérgio Silva; “Órfãos do Eldorado” (2015), de Guilherme Cezar Coelho; “A Floresta Esmeralda” (1985), de John Boorman e “Manas” (2024), de Mariana Brennand Fortes. Na quarta-feira (30), será exibido o longa-metragem brasileiro "Ainda Estou Aqui", ganhador do Oscar de Melhor Filme Internacional de 2025. Entre os 40 convidados especiais do evento estará Ana Lúcia Paiva, também conhecida como Nalu, filha de Rubens Paiva e Eunice Paiva, cuja história é retratada no filme de Walter Salles. Ela mora em Paris há vários anos e estará no Festival do Cinema Brasileiro para apresentar o filme que conta a história de sua família. "Como o filme já foi lançado, a gente quis trazer o público para debater esse filme. Isso nos interessa muito. E convidamos a Ana Lúcia Paiva, a Bárbara Luz, a atriz que vive ela, e também a Martina Clermont Toner, que é a produtora do filme e que trabalha com Walter desde Central do Brasil", destaca.  Outros nomes convidados são o diretor Karim Aïnouz, a atriz Sílvia Buarque, o ator Roberto Bomtempo, a diretora Liliane Mutti, a atriz Maria Fernanda Cândido, o diretor Marcos Schetman e o bailarino Thiago Soares, entre outros. Os dois últimos realizam o filme "Um Lobo entre e os Cisnes", em competição no festival. O longa-metragem conta a história de um jovem garoto da periferia do Rio de Janeiro que decide deixar o hip hop para se dedicar ao balé clássico. A história toma rumos inesperados depois que ele conhece um dançarino cubano, que acaba se tornando seu mentor. Este último desenvolveu o talento de Thiago, até ele se tornar primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres."Eu estou muito feliz que este filme faça a sua estreia internacional no festival e estamos fazendo de tudo para que ele seja vendido, para que algum distribuidor francês compre o filme", diz Katia Adler. " Eu acho que o festival serve para passar os filmes, mas também o debate na sala é muito importante. Por isso que temos muitos convidados, que vão responder ao público e vai haver essa interação", acrescenta.   Outros filmes em competição "Malu" (2024), de Pedro Freire, conta a história de uma senhora idosa, com um passado glorioso e que se vê presa no caos existencial, com uma relação complexa com a mãe conservadora e a filha adulta. "Mais Pesado é o Céu" (2023), de Petrus Cariry; "Aumenta que é Rock'n' Roll" (2024), de Tomás Portella; "90 Decibéis" (2025), de Fellipe Barbosa; "A Mulher que Chora (2024), de George Walker Torres; "Sobreviventes" (2024), de José Barahona e "A Vilã das Nove" (2024), de Teodoro Poppovic, completam a lista dos concorrentes. Nove documentários completam a programação. Entre eles, Kopenawa: sonhar a Terra-Floresta (2024), de Marco Altberg e Tainá De Luccas, além da estreia mundial de "Cazuza: Boas Novas" (2025), de Nilo Romero."É a première mundial desse filme, um documentário feito com imagens totalmente inéditas do último show do Cazuza, que tem o Ney Matogrosso na direção artística. E obviamente, a gente não pode deixar de falar do encerramento, que é justamente com a exibição de um filme sobre o Ney Matogrosso", conclui."Homem com H (2025), de Esmir Filho é um filme biográfico sobre a vida de Ney Matogrosso desde a infância em Bela Vista, no Mato Grosso do Sul, marcada por conflitos familiares e preconceitos, a sua mudança para São Paulo, onde iniciou a carreira artística, até conquistar o público com seus inúmeros sucessos, tornando-se um símbolo de liberdade e de resistência. O Festival do cinema Brasileiro de Paris faz parte da temporada cruzada França/Brasil 2025, do projeto de pesquisa "Processos de criação artística em espaços hispano-lusófonos" liderado pelo eixo de artes visuais do "Centro de Pesquisa Interdisciplinar sobre Mundos Ibero-Americanos Contemporâneos" (CRIMIC) da Faculdade de Letras da Universidade Sorbonne, em parceria com a Mostra de Cinema Brasileiro organizada pela Associação Jangada.  O cinema L'Arlequin fica no número 76, Rue de Rennes. 
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  • Nara Vidal lança na França romance “Puro”, sobre movimento eugenista no Brasil nos anos 1930
    “Puro”, da escritora Nara Vidal, vencedor do prêmio de melhor romance da APCA, a Associação Paulista de Críticos de Arte em 2024, acaba de ser lançado em francês, pela editora La Place. A escritora brasileira, atualmente radicada em Londres, veio a Paris participar do lançamento do livro que aborda o eugenismo no Brasil dos anos 1930. A mineira Nara Vidal começou a escrever em 2010. Suas primeiras publicações foram livros infanto-juvenis. O primeiro romance, “Sorte”, foi lançado em 2018 e conquistou o 3º lugar no Prêmio Oceanos. Os livros seguintes “Mapas para desaparecer” e “Eva” foram finalistas de importantes prêmios literários.“Puro”, traduzido por Mathieu Dosse, é o seu primeiro livro traduzido para o francês. O livro chegou às livrarias em 23 de abril, mas o lançamento aconteceu durante o Festival do Livro de Paris, no início de abril, com a participação de Nara Vidal.“Foi uma alegria imensa porque pela primeira vez eu tenho um livro traduzido para o francês. Foi muito bom poder estar em contato com leitores e potenciais leitores franceses do livro. É sempre muito bom ver o livro viajar dessa maneira”, festeja.O premiado romance, editado no Brasil pela Todavia, é ambientado na década de 1930, na fictícia cidade mineira de Santa Graça. A narrativa polifônica explora o movimento eugenista no Brasil, na época do governo de Getúlio Vargas, que foi apagado dos manuais escolares e da memória, ressalta a escritora.“O puro nasceu basicamente de uma lacuna na educação brasileira. Eu cresci durante a ditadura e quando já adulta, eu me deparei com esse artigo da Constituição brasileira, da década de 30”, lembra. O artigo em questão, que é citado na primeira página do romance, é o 138 da Constituição de 1934 que delibera “estimular a educação eugênica”.Na sua pesquisa para escrever o livro, Nara Vidal encontrou outras camadas dessa busca por uma “pureza de raça”, como o racismo e o capacitismo. “É mesmo muito aterrador, muito chocante estar em contato com essa parte da nossa história, que foi sim um pouco deixada de lado, mas que é importante que a gente encare e traga de volta, mesmo que seja por uma proposta de ficção, uma proposta artística”, salienta.“Teatro de horrores”“Puro” retrata o desaparecimento de crianças negras na fictícia cidade mineira de Santa Graça. O livro mistura realismo, literatura fantástica e de horror. Nara Vidal ri da descrição de “teatro de horrores” feita por muitos críticos.“Esse teatro de horrores é, na verdade, um super elogio para mim. Eu fico muito feliz porque eu gosto muito da arte e da literatura quando elas nos desnorteiam um pouco. Pode ser através de encantamento, pode ser por horror ou por incômodo. Eu gosto muito que o livro mexa com as pessoas”, diz.Na opinião de Nara Vidal, vários fatores - o prêmio APCA, que deu a maior visibilidade para o livro no Brasil – teria contribuído para que “Puro” fosse seu primeiro romance traduzido e publicado no exterior. Mas a escritora acha principalmente importante ressaltar o “timing do tema”."Acho que é um tema que está vindo muito à tona porque coincide com esse novo avanço da extrema direita, uma direita extremista, com características mais fascistas. Toda essa onda, ela casa muito bem com a crítica ao passado, um passado que nos assusta pela possibilidade de volta. Existe essa ameaça da volta dos tempos sombrios que a gente precisa conhecer para poder combater”, acredita.“Puro” também está sendo lançado este mês em inglês pela editora nova-iorquina Printim e será adaptado para o cinema pela produtora Buda Filmes, com previsão de lançamento em breve.​“'Puro'" está tendo uma vida muito bonita, muito interessante. Para mim é inédito. Eu nunca experimentei isso. É ֤֤bonito ver como o livro vem chegando a outros leitores, outros caminhos”, conclui Nara Vidal, esperando que o sucesso do romance no exterior abra caminho para a tradução de outras de suas obras.
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  • Escritor Jean-Paul Delfino romanceia em francês a vida e obra de grandes nomes da MPB
    Jean-Paul Delfino é o mais brasileiro de todos os escritores franceses. Ele tem mais de 30 livros, entre romances e ensaios, divulgando na França a história e a cultura brasileiras. Seu projeto editorial mais recente é a série “Música Popular Brasileira”. Os dois primeiros volumes sobre Chiquinha Gonzaga e João Gilberto acabam se ser lançados.  Jean-Paul Delfino começou sua carreira escrevendo sobre o Brasil, e mais precisamente sobre a música brasileira. Seu primeiro livro, “Brasil Bossa Nova” foi lançado em 1988. De lá para cá, foram mais de 30 publicações e hoje ele é reconhecido como um dos grandes especialistas da MPB na França. O primeiro romance sobre o Brasil, “Corcovado”, de 2005, foi um sucesso de público, que deu origem a uma “suite brasileira” composta por vários livros. Quase quarenta anos depois da primeira publicação sobre o Brasil, o escritor francês volta à música brasileira, mas desta vez com um formato híbrido, entre documentário e ficção. Na série “Musique Populaire Brésilienne”, Jean-Paul Delfino assina os romances inspirados na vida e obra de grandes nomes da MBP, e a documentarista Helena Crudeli as resenhas históricas que permeiam o livro. A coleção, que terá cerca de 25 títulos, é lançada na França pela Istya & Cie neste momento em que a Unesco homenageia a língua portuguesa ao indicar o Rio de Janeiro como Capital Mundial do Livro. Os dois primeiros volumes, “Chiquinha” e “João Gilberto” - acabam de chegar às livrarias. Jean-Paul Delfino decidiu romancear a vida dos grandes nomes da MPB porque “queria dar uma visão do João e da Chiquinha bem diferente. O que me interessa agora não é tanto a musicologia dos artistas, mas é a vida dos artistas”. O escritor acredita que não se pode compreender a música de um artista sem conhecer a trajetória dele. Ele diz, por exemplo, que “a trajetória da Chiquinha Gonzaga é uma coisa completamente incrível, e quando você conhece a história dela, você conhece também a história do Rio de Janeiro e a história do Brasil”. O escritor quis que a série começasse com o livro dedicado a compositora e chefe de orquestra brasileira, cujo título é “Chiquinha, la dame en noir de la musique brésilienne” (a dama vestida de preto da música brasileira). “Eu acho que a mulher no mundo musical brasileiro foi muito esquecida. Começar uma coleção sobre a MPB com Chiquinha Gonzaga, a mulher vestida de preto que era filha de uma empregada africana, para mim era uma evidência”, revela. “A Bossa Nova não existe” O título do volume dedicado a João Gilberto, “a Bossa Nova não existe”, pode parecer uma provocação, mas Delfino relembra que a frase é do próprio músico baiano. “Eu não poderia escrever uma coisa assim, mas ele (João Gilberto) sempre falou assim: ‘a bossa nova não existe, a bossa nova é uma coisa de jornalistas’”, cita. O estilo, segundo ele, tem até data de nascimento e morte. “O nascimento é 1958, com ‘Chega de Saudade’. A morte é o 1° de abril, com a ditadura chegando no Brasil”, detalha, lamentando a homogeneização e americanização atual da música no Brasil e no mundo inteiro. Para o escritor francês, João Gilberto inventou “uma maneira diferente de cantar” e é um gênio. “No mundo inteiro, ninguém inventou um estilo musical sozinho, como João Gilberto”, sentencia. Brasil como fonte de inspiração A produção literária de Jean-Paul Delfino, que é inclusive traduzida e publicada no Brasil, é fecunda. Os dois primeiros volumes da coleção MPB não são os únicos livros que ele está lançando este ano. Também acaba de chegar às livrarias o romance “L’homme qui rêvait d’aimer” (O homem que sonhava amar), pela editora Hervé Chopin, que também fala do Brasil.  O país parece ser para o francês uma fonte de inspiração inesgotável. “É um presente. Eu não sei se eu mereço isso. Eu comecei com o 'Brasil Bossa Nova' e cada vez que eu tentei de me separar um pouquinho do Brasil, foi impossível”, afirma. Além dos novos volumes da coleção MPB, ele prepara a segunda parte do romance “Guiana”, que teve um grande sucesso na França. “Vou escrever Cunani. É o contestado brasileiro que ninguém conhece aqui, mas que é uma história completamente incrível”, antecipa.  Ele lembra que em nenhum lugar do mundo foi tão bem recebido quanto no Brasil e enfatiza que nunca vai esquecer que "o pouco que eu sou hoje, é graças a Brasil”.
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Entrevistas diárias com pessoas de todas as áreas. Artistas, cientistas, professores, economistas, analistas ou personalidades políticas que vivem na França ou estão de passagem por aqui, são convidadas para falar sobre seus projetos e realizações. A conversa é filmada e o vídeo pode ser visto no nosso site.
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