
O primeiro Natal em ditadura e um fado de Alfredo Marceneiro: bem-vindos a uma feia noite de Natal
18.12.2025 | 36 Min.
No ano de 1924, Alfredo Marceneiro conquista pela primeira vez o primeiro lugar num concurso de fados. “Remorso”, o fado com letra de Linhares Barbosa que interpretou, dá voz a alguém que se consome de culpa, sozinho, numa noite de Natal. Dois anos depois, esse fado, entretanto celebrado por toda a cidade, parece ter adivinhado o crime passional que iria prender a atenção do país. O que terá prenunciado, afinal, o fado de Marceneiro? Que força tinha a música popular dos anos 20 do século XX, e como circulava entre o teatro de revista, os novos discos de 78 rotações e as partituras vendidas em banca? Neste episódio envolvente, Rui Tavares guia-nos pelas sombrias ruas do Bairro Alto, da Mouraria e do Intendente, mergulha na terrorífica Noite Sangrenta de 1921, entra nos teatros cheios de luz onde Lisboa se divertia em plena crise política e conduz-nos, passo a passo, até à história de um crime amoroso que de tão inesperado e chocante, desviou o olhar coletivo da ditadura que se instalava com o golpe de Estado de 28 de maio de 1926.See omnystudio.com/listener for privacy information.

O que faz um padre português no romance “O Conde de Monte Cristo”, de Alexandre Dumas?
12.12.2025 | 29 Min.
O que faz um padre português no romance O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas? Será mera fantasia do autor ou eco de uma personagem histórica concreta? E, a existir, quem foi ele e como ali foi parar? Neste episódio, Rui Tavares apresenta a singular vida de José Custódio de Faria, um filho do terramoto de 1755. Goês de origem, deixou Goa e passou por Roma, Lisboa e Paris, ordenando‑se sacerdote em Roma e ficando conhecido como o Abade Faria, o tal padre português de Alexandre Dumas. A sua fama, porém, não veio da vida de sacerdócio, mas do engenho com que se dedicou ao hipnotismo e se tornou um dos pioneiros da hipnose moderna.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Juan Pujol Garcia: o espião que enganou os Nazis sobre o desembarque na Normandia
04.12.2025 | 16 Min.
Há, na história, pequenas histórias de mulheres e homens que já não guardamos memória. Viveram o seu tempo sem que as suas biografias ganhassem o relevo que a história premeia ao ser contada. Ainda assim, esses sujeitos da história votados ao anonimato, intervieram decisivamente no curso de acontecimentos impactantes, nos momentos em que a história deu as suas guinadas, mudou de rumo e abriu caminhos que ainda hoje nos alcançam. Conhecemos bem alguns desses acontecimentos, e de alguns fomos até espectadores. Mas, por detrás dos protagonistas que reconhecemos como centrais – políticos, cientistas, teóricos, entre outros – quantas mulheres e quantos homens terão tido um papel determinante e decisivo? Neste episódio, vamos seguir os passos de Juan Pujol Garcia, o espião que passou por Portugal durante a Segunda Guerra Mundial, e espreitar os bastidores dos bastidores do dia 6 de junho de 1944, o dia em que as tropas aliadas desembarcaram na Normandia. Qual o papel de Pujol neste dia em que a história ganhou um pequeno recomeço?See omnystudio.com/listener for privacy information.

Fermentação e destilação: como o Iluminismo e o Romantismo se relacionaram com o interessante
27.11.2025 | 27 Min.
Inspirando-se na mudança do conceito de “interessante” ao longo do tempo de que nos falou no último episódio, Rui Tavares propõe agora uma leitura dos séculos XVIII e XIX, sublinhando como a distinção entre Iluminismo e Romantismo se manifesta na forma como as pessoas passaram a relacionar-se com a realidade ao seu redor. Como a transformação da perceção, da relação com o “eu”, da função da arte, ao pensamento artístico e estético reconfiguraram o tempo histórico? As fronteiras entre o útil e o inútil, o interessante e o aborrecido, a destilação e a fermentação são eixos com que Rui Tavares nos instiga a compreender como o olhar estético é fundamental para compreender a história de cada época. Aqui, não está em causa um evento ou agente histórico, mas a renovação da sensibilidade e das formas de atenção que definem aquilo que cada tempo considera possível ou relevante. A passagem do tempo faz-se também da metamorfose das ideias, dos modos de sentir e das formas de perceber o mundo. Lista de Músicas utilizadas neste episódio: Luigi BOCCHERINI. Quinteto n.º 9 em DÓ maior, G. 453, “La ritirata di Madrid”, 1798Joseph HAYDN. Sinfonia n.º 101 em Ré maior "O Relógio", 1763Robert SCHUMANN. Adagio e Allegro, Op. 70 (versão para violoncelo e piano), 1849Piotr Ilitch TCHAIKOVSKY. Eugene Onegin, Op. 24: Act I, Introdução, 1878Wolfgang Amadeus MOZART. Andante e 5 Variações em Sol maior, K. 501, 1786Clara SCHUMANN. Romanzen, Op. 21: I. Andante para piano solo, 1853See omnystudio.com/listener for privacy information.

A interessante vida de Albert Otto Hirschman, o economista que não se limitou a cumprir ordens
20.11.2025 | 28 Min.
Albert Otto Hirschman destacou-se como economista e pensador de importância reconhecida, mas sobretudo como uma figura singularmente interessante. O próprio conceito de “interesse” percorre a sua obra “Paixões e Interesses”, servindo de fio condutor para uma visão inovadora sobre a génese dos valores sociais e económicos. Neste episódio, a vida de Albert Hirschman é revisitada sob o olhar de Rui Tavares, que percorre a genealogia do termo “interessante” e seus múltiplos sentidos, desde o Renascimento até à contemporaneidade. No entanto, o verdadeiro interesse da trajetória de Hirschman está além da dimensão académica. Testemunha dos horrores do nazismo, exilado pela guerra, combatente na Guerra Civil de Espanha e interventor decisivo na fuga de intelectuais judeus durante a Segunda Guerra Mundial, Hirschman deixa-nos uma lição de humanidade difícil de esquecer. No dia em que se evocam os 80 anos do início dos Julgamentos de Nuremberga, recordar Albert Otto Hirschman é invocar uma memória de resistência, empatia e ética imperiosa para os valores humanos.See omnystudio.com/listener for privacy information.



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